Os objetivos da análise são separar os riscos aceitáveis menores dos
riscos maiores e fornecer dados para auxiliar na avaliação e no tratamento
de riscos. A análise de riscos envolve a consideração das fontes de
risco, de suas conseqüências e da probabilidade de tais conseqüências
ocorrerem. Pode-se identificar os fatores que afetam as conseqüências e a
probabilidade. Um risco é analisado combinando-se as estimativas das
conseqüências e da probabilidade no contexto das medidas de controle
existentes.
Pode-se realizar uma análise preliminar, a fim de que riscos semelhantes
ou de baixo impacto sejam excluídos de um estudo mais detalhado. Os riscos
excluídos devem ser listados, na medida do possível, a fim de demonstrar a
totalidade da análise de riscos.
Determinação dos controles existentes
Identificar os sistemas de gestão, os sistemas técnicos e os
procedimentos existentes para o controle de riscos, e avaliar seus pontos
fortes e fracos. Podem ser utilizadas as ferramentas mencionadas em
outra seção da norma e abordagens como inspeções e técnicas de controle de
auto-avaliação.
Conseqüências e probabilidades
A magnitude das conseqüências de um evento, caso este ocorra, e a
probabilidade do evento e as conseqüências a ele associadas são avaliadas
no contexto dos controles existentes. As conseqüências e a probabilidade
são combinadas com o intuito de produzir um nível de risco, podendo ser
determinadas por meio de análises e cálculos estatísticos. Caso não haja
dados anteriores disponíveis, podem ser feitas estimativas subjetivas que
reflitam o grau de expectativa de um indivíduo ou grupo quanto à
ocorrência de um determinado evento ou resultado.
A fim de evitar o viés subjetivo, convém que as melhores fontes de
informação e técnicas disponíveis sejam utilizadas ao analisar
conseqüências e probabilidades. As fontes de informação podem incluir:
a) Registros anteriores;
b) Experiências pertinentes;
c) Prática e experiência do setor da indústria;
d) Publicações pertinentes;
e) Teste de marketing e pesquisa de mercado;
f) Experimentos e protótipos;
g) Modelos econômicos, modelos de engenharia e outros;
h) Opinião de especialistas e peritos.
As técnicas incluem:
i) entrevistas estruturadas com especialistas da área de interesse;
ii) uso de grupos multidisciplinares de especialistas;
iii) avaliações individuais utilizando-se questionários;
iv) utilização de softwares de modelagem e outros meios similares; e
v) uso de árvores de falhas e árvores de eventos.
Sempre que possível, deve-se incluir o grau de confiança das
estimativas dos níveis de risco.
Tipos de análise
A análise de riscos pode ser conduzida com vários graus de refinamento,
dependendo das informações e dados disponíveis. As análises podem ser:
qualitativas, semi-quantitativas, quantitativas ou uma combinação das
mesmas, dependendo das circunstâncias. Classificando-se as análises em
ordem crescente de complexidade e custos, tem-se: as qualitativas, as
semi-quantitativas e as quantitativas. Na prática, geralmente utiliza-se a
análise qualitativa em primeiro lugar, a fim de se obter uma indicação
geral do nível de risco. Posteriormente, pode ser necessário realizar
análises quantitativas mais específicas. A seguir, são apresentados esses
tipos de análise com mais detalhes.
a) Análise qualitativa
A análise qualitativa utiliza palavras ou escalas explicativas para
descrever a magnitude das conseqüências potenciais e a probabilidade
subjetiva dessas conseqüências ocorrerem. Essas escalas podem ser
adaptadas ou ajustadas de acordo com as circunstâncias, podendo-se utilizar
descrições diferentes para riscos diferentes.
A análise qualitativa é utilizada:
i) como uma atividade de prospecção inicial para a identificação dos
riscos que requerem uma análise mais detalhada;
ii) quando o nível de risco não justifica o tempo e os esforços
necessários para uma análise mais completa; ou
iii) quando os dados numéricos são insuficientes para uma análise
quantitativa.
b) Análise semi-quantitativa
Em análises semi-quantitativas, atribui-se valores às escalas qualitativas
tais como as descritas acima. Não é necessário que o número atribuído a
cada descrição corresponda exatamente à magnitude real das
conseqüências ou probabilidade. Os números podem ser combinados de acordo
com qualquer série de fórmulas, desde que o sistema utilizado para a
priorização se ajuste ao sistema escolhido para atribuir números e
combiná-los. O objetivo dessa análise é produzir uma priorização mais
detalhada do que aquela normalmente obtida em uma análise qualitativa, e
não sugerir valores absolutos como se pretende com a análise quantitativa.
Deve-se tomar cuidado com o uso desse tipo de análise, pois os números
escolhidos podem não refletir adequadamente os aspectos relativos, o que
pode levar a resultados inconsistentes. A análise semi-quantitativa pode
ser insuficiente para diferenciar os riscos apropriadamente, principalmente
se a probabilidade e as conseqüências forem extremas.
Em alguns casos, pode ser necessário considerar a probabilidade subjetiva
como sendo composta por dois elementos, geralmente chamados de freqüência
de exposição e probabilidade objetiva.
Freqüência de exposição é o grau até o qual existe uma fonte de risco
e a probabilidade objetiva é a chance de haver conseqüências, no caso de
tal fonte de risco existir.
Deve-se tomar cuidado nas situações em que a
relação entre os dois elementos não é totalmente independente, ou seja,
quando houver uma forte relação entre a freqüência de exposição e a
probabilidade objetiva.
Essa abordagem pode ser aplicada tanto à análise semi-quantitativa quanto
à análise quantitativa.
c) Análise quantitativa
Na análise quantitativa, utilizam-se valores numéricos (em vez das
escalas descritivas utilizadas nas análises qualitativas e
semi-quantitativas), tanto para as conseqüências quanto para as
probabilidades. A qualidade da análise depende da precisão e da
abrangência dos valores numéricos utilizados.
As conseqüências podem ser estimadas mediante a modelagem dos
resultados de um evento ou conjunto de eventos, ou pela extrapolação de
estudos experimentais ou dados anteriores. As conseqüências podem ser
expressas em termos monetários, técnicos, humanos ou qualquer um dos
critérios referidos em outra seção da norma. Em alguns casos, pode ser
necessário mais de um valor numérico para especificar as conseqüências
para diferentes períodos, lugares, grupos ou situações.
A probabilidade é geralmente expressa pela probabilidade objetiva, pela
freqüência ou pela combinação da exposição e da probabilidade
objetiva.
A maneira pela qual são expressas a probabilidade e as conseqüências,
e os modos como são combinadas para fornecer o nível de risco, irá variar
de acordo com o tipo de risco e com o contexto no qual é utilizado o nível
de risco.