Cresce procura por gerentes de riscos nas empresas por Andrea Giardino (jornal Valor Econômico - 21/3/2007) A figura do profissional de gestão de riscos começou a ganhar espaço nas instituições financeiras em 2000, após a criação lei Sarbanes Oxley. Muitas companhias abertas passaram a criar áreas específicas, contratando analistas e gerentes. Além de problemas ligados a riscos financeiros, cabe a eles avaliar aspectos ligados a estratégia do negócio, concorrência, legislação e problemas ambientais. De acordo com Jorge Maluf, sócio da área de serviços financeiros da Korn/ Ferry Internacional, grandes empresas como Vale do Rio Doce e Petrobras já possuem executivos responsáveis por liderar áreas de risco, outras estão contratando agora, a exemplo da Suzano. "As companhias passaram a enxergar a importância de se controlar recursos para minimizar qualquer impacto de risco sobre a empresa", explica. "Quem não tem hoje pensa em estruturar áreas de gestão de riscos. E as maiores já começam a treinar pessoas para exercer essa função, atuando como especialistas". Segundo André Coutinho, sócio da KPMG, as companhias com ações na bolsa de Nova York também vêm criando áreas de gestão de riscos, onde o responsável fica com a missão de disseminar a prática de controles internos, suportando as decisões do conselho de administração. Como não não há gente suficiente para ocupar as vagas que estão sendo criadas, muitas empresas estão buscando profissionais em mercados formadores dessa mão-de-obra , como o de auditoria, seguro e resseguro. Nesse último caso, a briga por talentos promete ser acirrada. O anúncio da abertura do setor, que deve levara à instalação de novas seguradoras e na entrada de capital estrangeiro, deve esquentar a disputa por esses gestores. Para evitar um gap em seus quadros, a Marsh, consultoria especializada em gerenciamento de riscos, está investindo na formação dos funcionários. Só no ano passado, 150 pessoas foram treinadas para atender novas demandas de mercado. "O perfil do profissional deve ser voltado para a prevenção dos vários tipos de riscos, sejam eles operacionais, de crédito ou financeiros. E como a empresa vem crescendo, precisamos ter gente preparada, o que é raro achar no mercado", afirma Mariane Guerra, diretora de recursos humanos da Marsh. Recentemente a empresa contratou uma gerente sênior para a divisão de resseguros. No entanto, Mariane reconhece que a alternativa encontrada para preencher boa parte das vagas tem sido formar os recém-chegados. Para tanto, a Marsh resolveu reestruturar seu RH, incluindo programas de retenção, para evitar a saída dos profissionais. "Devemos ver um aquecimento do setor nos próximos três anos e temos que estar preparados para o assédio dos concorrentes aos nossos talentos", revela. Apesar de perder um deles há pouco tempo, a diretora de RH afirma que além de programas de desenvolvimento da carreira do profissional e de liderança, a Marsh oferece incentivos de longo prazo dentro da política de remuneração da companhia, como "stock purchase", ou opção de compra de ações da empresa. E ano passado, pela primeira vez, foi realizada pesquisa de clima organizacional. "Queremos que as pessoas fiquem aqui, mas sabemos que ninguém muda de emprego pesando apenas no salário", ressalta Mariane. De acordo com Ricardo Bevilacqua, diretor geral da Case Consulting, a valorização de profissionais ligados à gestão de riscos já reflete nos salários, que variam entre R$ 8 mil e R$ 15 mil. "O gerente de riscos é uma espécie de guardião do patrimônio da empresa, por isso ganhou destaque", afirma. "Os bancos sempre tiveram um gestor de risco, comandando equipes de 30 pessoas. Mas por conta da volatilidade do mercado, o papel desse profissional ficou mais forte". Patrícia Molino, sócia de assessoria em gestão de RH da KPMG, revela que a área é tão promissora que apenas no primeiro semestre deste ano a consultoria estará desenvolvendo quatro projetos, que incluem a contratação de executivos, enquanto no ano passado foram seis projetos. "Cargos novos estão sendo criados", diz. Para diretores, a remuneração pode chegar a R$ 25 mil, segundo Patrícia. |