Novembro/2009 Gestão de Riscos e Sustentabilidade
Francesco De Cicco As questões ambientais têm tirado o sono de muitos investidores. Diversas reportagens publicadas recentemente na imprensa têm mostrado o expressivo número de empreendimentos (obras do PAC, por exemplo) paralisados em decorrência de exigências de órgãos de controle e fiscalização ambiental, e de decisões judiciais desfavoráveis aos investidores. O problema é complexo, pois, juntamente com a discussão de princípios, proliferam os casos de criação de dificuldades, por parte de governantes ambiciosos, com vistas à obtenção de vantagens políticas adicionais dos investidores. Por outro lado, fica cada vez mais claro que os empreendedores precisam se conscientizar que é necessário melhorar a qualidade dos projetos, especialmente daqueles de maior impacto ambiental, que exigem estudos acurados (como o EIA/RIMA), se quiserem ver reduzido o tempo de análise e concessão do licenciamento para seus empreendimentos. Gerenciando riscos ao meio ambiente e à empresa Como se sabe, os riscos ambientais derivam do relacionamento entre os seres humanos e suas atividades e o meio ambiente. A gestão de riscos ecológicos, que trata dos riscos associados às atividades humanas passadas, presentes e futuras sobre a flora, fauna e ecossistemas, é um subconjunto da Gestão de Riscos Ambientais. Para que o leitor possa ter uma melhor compreensão da importância do tema, vamos agrupar os riscos ambientais em duas categorias: . Riscos ao meio ambiente; e A primeira categoria inclui os riscos decorrentes das atividades de uma organização que podem causar alguma forma de mudança no meio ambiente. Os riscos ambientais relacionam-se à fauna e flora; ao bem-estar e saúde das pessoas; a questões culturais e sociais; e aos recursos naturais, energia e clima. A segunda categoria inclui os riscos de não-cumprimento de critérios e da legislação existente (ou futura). Outros riscos abrangem as perdas que uma organização pode sofrer como resultado de uma gestão deficiente, tais como perda de reputação, multas e custas de processos litigiosos, e devido a falhas em obter e manter suas licenças ambientais. Questões de segurança e saúde no trabalho e a administração de situações de emergência também podem ter importância significativa no gerenciamento dos riscos ambientais. A Gestão de Riscos fornece, de fato, uma abordagem estruturada e sistemática para a tomada de decisões relacionadas ao meio ambiente. A GR dá à organização uma melhor compreensão de suas operações e a habilita a se adequar mais eficientemente às mudanças nas circunstâncias internas e externas. O gerenciamento dos riscos ambientais deve ser parte integrante da administração global da companhia e deve ser aplicado em todos os níveis da organização, incluindo os níveis estratégico e operacional. A sua aplicação em nível estratégico inclui:
Em nível operacional, a Gestão de Riscos Ambientais geralmente se concentra em riscos específicos ao meio ambiente e inclui:
Além dos riscos ambientais Os Estudos de Riscos a Empreendimentos, conduzidos em empresas pelo QSP, seguem uma metodologia própria que desenvolvemos a partir das diretrizes da nova norma internacional ISO 31000:2009, e abrangem não só a vertente ambiental, como também eventos de risco que podem ter repercussões operacionais, de imagem e reputação da organização, e os que podem atingir estrategicamente um determinado empreendimento como um todo. O primeiro passo de um Estudo desse tipo é o estabelecimento dos contextos do empreendimento. Para isso, utilizamos um "ajuda-memória" com os elementos para estimular o levantamento (realizado por um grupo de profissionais previamente selecionados da própria organização) dos principais aspectos e seu "status" em relação ao empreendimento. O quadro a seguir é um exemplo da abrangência desse passo inicial dos Estudos de Riscos que auxiliamos as empresas a desenvolver. ANÁLISE DE RISCOS A EMPREENDIMENTOS
Na seqüência do Estudo, para cada aspecto analisado, são explicitadas as ameaças e oportunidades envolvidas. As ameaças são posteriormente desdobradas em perigos, que por sua vez são agrupados de acordo com as vertentes definidas e são desenvolvidos, classificados e ordenados por sua importância, utilizando-se uma Matriz de Tolerabilidade de Riscos incorporada à análise. Pela freqüência e severidade atribuídas, cada risco se posiciona nessa Matriz dentro de zonas de riscos "intoleráveis", "ALARP" - As Low As Reasonably Practicable (riscos cuja severidade e/ou freqüência devem ser reduzidas a valores tão baixos quanto razoavelmente exeqüível), e riscos "toleráveis". Do conjunto de riscos estudados, são destacados especialmente os riscos intoleráveis, os quais sofrem uma análise completa, incluindo o estabelecimento de medidas preventivas e corretivas (mitigadoras). Assim conduzidos, os Estudos de Riscos servem efetivamente para dar suporte à tomada de decisões pela alta direção da organização e à definição das melhores estratégias a serem utilizadas para dar continuidade ao empreendimento, particularmente no que se refere à obtenção das licenças ambientais, que tanta polêmica têm gerado nos últimos tempos.
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