Outubro/2003 Risk Management
Texto adaptado por Francesco De Cicco, diretor-executivo do
QSP,
Eventos negativos com impactos que vão desde um pequeno transtorno até uma
catástrofe podem afetar sua empresa onde quer que ela esteja localizada.
Eventos negativos podem assumir diversas formas, sendo que cada evento
afetará uma organização de maneira diferente, causando um impacto que
poderá significar um pequeno transtorno para uma e uma
grande catástrofe para outra.
Com isso em mente, é importante lembrar que um fator de risco que se transforme
em um evento negativo real tem a possibilidade de transtornar os processos de
sua organização, deixando-a incapaz de atender aos requisitos dos clientes. O
ponto principal de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) é buscar a
satisfação dos clientes sob quaisquer circunstâncias.
Infelizmente, a série ISO 9000:2000 não aborda diretamente a gestão dos riscos que
podem afetar as organizações e a qualidade do produto.
Evidentemente, não deveríamos esperar que a ISO 9001:2000, Sistemas de gestão
da qualidade - Requisitos, exigisse a avaliação de riscos; afinal,
ela é uma norma genérica para SGQs, enquanto que o risco não é nem genérico
nem um elemento básico do SGQ. Já a ISO 9004:2000, Sistemas de gestão da
qualidade - Diretrizes para melhorias de desempenho, dá algumas
"pistas" para o desenvolvimento do processo de gerenciamento de
riscos, especialmente nas seções 6.3 (Infra-estrutura) e 6.4 (Ambiente de trabalho).
Isso não significa necessariamente uma falha, pois os criadores da série ISO
9000, edição 2000, diluíram de certa forma a Gestão de Riscos em várias seções
das normas que compõem a série. Trata-se de uma abordagem
prática, pois um risco não assume uma forma única nem afeta um único
processo ou elemento do SGQ.
Como existe a possibilidade de que um risco afete a qualidade - e até mesmo a
própria existência da organização -, explorarei alguns riscos que podem causar impacto sobre
os processos da organização. Darei também algumas sugestões sobre maneiras
de como gerenciar os riscos no contexto do SGQ.
A Tabela 1 fornece uma lista de alguns riscos que podem afetar uma organização. Não
chega a ser uma lista completa; porém, mais assustador do que essa lista é a
total falta de atenção e preparo de muitas organizações quanto a perdas
inesperadas. É bem provável que você trabalhe numa empresa ou conheça uma
organização com uma mentalidade do tipo "não vai acontecer conosco",
em relação a possíveis riscos que, além de afetar a qualidade do produto
caso ocorra uma perda, podem causar o fechamento definitivo da empresa e deixar
seus donos endividados para o resto da vida.
Uma organização inteligente, qualquer que seja seu tamanho, faz avaliações
dos possíveis riscos aos quais está exposta e estabelece meios viáveis de
gerenciar seus riscos de perda.
O Processo de Gestão de Riscos O SGQ nada mais é do que uma série de processos de gestão inter-relacionados. O objetivo é que, avaliando-se os processos para se obter eficácia e garantindo-se o uso adequado e esperado deles, um processo se una ao outro formando processos estáveis, eficazes e eficientes para a fabricação dos produtos da organização. Um bom processo preventivo que se pode estabelecer para evitar que todos os outros processos sejam interrompidos ou corrompidos é a Gestão de Riscos. Para estabelecer um processo de Gestão de Riscos eficaz, deve-se tomar as seguintes medidas: 1. Planejar. Significa que a organização deverá:
2. Fazer. Significa que a organização deverá testar a(s) técnica(s) de Gestão de Riscos escolhida(s). 3. Checar. Consiste em aprovar cada técnica para sua implementação integral, fazer ajustes na(s) técnica(s) escolhida(s) e determinar a necessidade de selecionar alternativas. 4. Agir. Para isso, a organização deverá:
5. Melhorar a(s) técnica(s) implementada(s) (voltar ao item Planejar). Essas medidas constituem o modelo PDCA, que é a base de um SGQ voltado para a melhoria contínua. Na prática, uma organização que usa essa abordagem está buscando a melhoria contínua e diminuindo sua exposição a perdas. Identificar exposições a perdas é uma idéia "óbvia", porém é mais fácil dizer do que fazer. Uma forma recomendada de se fazer isso é considerar as quatro perguntas a seguir: 1. O que está exposto a uma possível perda? Os itens que merecem ser considerados são:
2. Que situação, evento ou perigo pode causar uma perda em cada exposição? 3. Quais são as conseqüências financeiras e outros tipos de conseqüência da perda? 4. Que ente tem o potencial de sofrer a perda? A Tabela 2 fornece uma análise detalhada dos tipos de exposição em relação a esses quatro fatores. Embora seja fácil perceber o que poderia ter sido feito após ocorrer uma perda, perceber o que poderia acontecer de ruim - e então tomar medidas para eliminar ou minimizar as vulnerabilidades existentes - é mais difícil. Mesmo assim, existem técnicas e ferramentas para identificar e analisar a exposição a perdas.
(continua na próxima edição) voltar
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