Dezembro/2001 Seis Sigma COMO INTEGRAR O SEIS SIGMA À ISO 9000:2000 The Informed Outlook Quando se trata de satisfazer os requisitos da ISO 9001:2000, Sistemas de gestão da qualidade - Requisitos, o Seis Sigma tem potencial para ser uma ferramenta bastante eficaz. Ele pode fazer com que um SGQ deixe de ser algo que a organização possui simplesmente porque os clientes o exigem ou porque a direção o considera necessário para conservar a competitividade, e passe a ser algo valorizado pela organização e considerado como o mecanismo para a melhoria do desempenho e a gestão eficaz de processos, que se auto recompensa e torna a organização melhor e mais enxuta. Da mesma forma, o SGQ também pode fornecer o suporte necessário para o Seis Sigma. Se uma organização é certificada pela ISO 9001:1994, está se preparando para fazer a transição para a ISO 9001:2000 e está planejando buscar o Seis Sigma, ela deve unir ambos a fim de que eles somem forças para a gestão da qualidade e a melhoria do desempenho. As três seções e subseções a seguir poderão dar suporte a um programa Seis Sigma: 1. A seção 5.4, Responsabilidade da Direção - Planejamento, exige que a alta direção estabeleça objetivos da qualidade para toda a organização e assegure que o planejamento do SGQ seja conduzido de forma a atender aos objetivos e manter a integridade do sistema. Na verdade, a seção 5.4 exige que a organização faça o mesmo que é exigido para o Seis Sigma - estabelecer objetivos de DPMO, conforme será discutido abaixo. 2. A seção 8.4, Medição, Análise e Melhoria - Análise de Dados, exige que a organização identifique, reúna e analise dados a fim de demonstrar se o SGQ é adequado e eficaz para a organização e, o mais importante para o Seis Sigma, "avaliar onde melhorias contínuas da eficácia do sistema de gestão da qualidade podem ser realizadas". Como parte do processo de avaliação, a organização deve coletar dados para análise referentes a quatro categorias. Tanto o que a seção 8.4 exige como os dados que serão usados proporcionarão à organização o "material" necessário para "abastecer" os projetos Seis Sigma. 3. A subseção 8.5.1, Melhorias - Melhoria Contínua, exige que a organização melhore continuamente a eficácia do SGQ por meio do uso de vários elementos essenciais exigidos pela ISO 9001:2000. Qualquer esforço da organização no sentido de alcançar a melhoria contínua exigida pela ISO 9001:2000 focalizará o custo e a redução de variação, que são o centro de qualquer programa Seis Sigma. Existem 5 seções e subseções ou grupos de requisitos que deveriam vir à mente imediatamente ao se planejar a adoção do Seis Sigma, pois o Seis Sigma dará suporte aos esforços para satisfazer os requisitos da ISO 9001:2000 tanto quanto, se não mais, do que o SGQ dará suporte ao Seis Sigma: 1. A seção 4.1, Sistema de Gestão da Qualidade - Requisitos Gerais, exige que a organização implemente e mantenha o SGQ e melhore continuamente a sua eficácia, o que deve envolver a identificação dos "processos necessários para o [SGQ] e sua aplicação por toda a organização", a determinação da "seqüência e interação desses processos" e a implementação de ações "para atingir resultados planejados e a melhoria contínua desses processos". O Seis Sigma focaliza projetos específicos que envolvem processos de organizações com "defeitos", isto é, qualquer coisa que possa levar o cliente a ficar insatisfeito com a organização ou com seus produtos ou serviços. Mas o mais importante é que o Seis Sigma compreende a verificação de um processo ou qualquer outro elemento organizacional e da forma como ele interage com outros processos, incluindo os processos externos à organização, tendo como objetivo eliminar as causas-raíz de uma não-conformidade. Portanto, isso que a seção 4.1 exige é compatível com aquilo que os Black Belts são treinados para fazer em um projeto Seis Sigma. 2. A seção 5.1, Comprometimento da Direção, exige que a alta direção demonstre seu comprometimento com a criação e implementação do SGQ e com a melhoria contínua de sua eficácia. Para demonstrar esse comprometimento, a alta direção será obrigada a dar suporte ao desenvolvimento do programa Seis Sigma e se envolver nele ativamente, e participar na maior quantidade possível de projetos, utilizando os resultados dos projetos Seis Sigma como entrada para a análise crítica do SGQ pela direção. 3. A seção 5.2, Foco no Cliente, e a subseção 8.2.1, Medição e Monitoramento - Satisfação dos Clientes, exige que a alta direção assegure que a organização esteja voltada para o atendimento dos requisitos do cliente, a fim de aumentar a satisfação do cliente, e que a organização colete informações sobre as percepções do cliente com relação à organização e aos seus produtos/serviços, a fim de assegurar que o cliente se sinta satisfeito por estar interagindo com a organização. O principal objetivo do Seis Sigma é aumentar a satisfação do cliente por meio de projetos que eliminem as não-conformidades que afetam o cliente, resultando em melhores processos, serviços e produtos. Se o SGQ é voltado para o aumento da satisfação do cliente, e os projetos Seis Sigma produzem melhorias na satisfação do cliente, conseqüentemente ambos se harmonizarão e darão suporte um ao outro. 4. A subseção 7.2.1, Processos Relacionados a Clientes - Determinação de Requisitos Relacionados ao Produto, exige que a organização conheça as exigências do cliente, os regulamentos e as realidades do mercado. O item (d) da subseção exige que a organização determine e aja de acordo com "qualquer requisito adicional determinado pela organização". Embora ambíguo, o item (d) é basicamente um convite para que a organização tome a iniciativa de melhorar os produtos sem precisar ser cutucada por um cliente ou pelo mercado. A verdade é que a seção 7.2 é seguida pela seção 7.3, a qual estabelece requisitos que a organização deve seguir no desenvolvimento dos produtos. O Seis Sigma espera que a organização examine o projeto de produtos e processos na identificação das fontes de não-conformidades. "Na verdade, 80 por cento dos problemas de qualidade são transferidos para o produto sem qualquer intenção de se fazer isso", dizem Mikel Harry e Richard Schroeder em Six Sigma: the Breakthrough Management Strategy Revolutionizing the World's Top Corporations. "As empresas que implementam o Seis Sigma descobrem que a maioria esmagadora dos defeitos são criados durante o processo de projeto". Embora um projeto Seis Sigma possa ter início a partir de uma não-conformidade, ele geralmente remontará o problema ao projeto/elaboração de produtos ou processos. Dessa forma, um SGQ com bons processos de projeto e desenvolvimento complementará o programa Seis Sigma, proporcionará benefícios a ele e se beneficiará dele. 5. A seção 8.5, Melhorias, contém três subseções que exigem esforços e elementos de SGQ que o Seis Sigma basicamente poderia atender. Além da subseção 8.5.1, discutida anteriormente, a seção 8.5 exige ação corretiva para eliminar a causa de não-conformidades e ação preventiva para eliminar as causas de não-conformidades potenciais. Basicamente, espera-se que os projetos Seis Sigma produzam perfeitas ações corretivas e preventivas, que resultarão em melhorias do SGQ que tenham sido testadas por meio de ferramentas estatísticas e metodologias de solução de problemas, aplicadas por uma equipe dedicada por tempo integral a melhorias organizacionais. Os Fatos sobre o Seis Sigma Tendo analisado algumas perguntas que a sua organização deve responder ao considerar a implantação do Seis Sigma - e tendo recebido uma introdução às ligações entre a ISO 9001:2000 e o Seis Sigma, que fazem de ambos uma boa parceria para organizações que levem a sério a ISO 9001 e a gestão da qualidade -, é importante que você compreenda alguns fatos sobre o Seis Sigma. O Seis Sigma se baseia no conceito de "defeitos por milhão de oportunidades" (DPMO), e não por milhão de produtos ou partes. Uma "oportunidade de defeito" não significa um produto com mau-funcionamento ou inoperante (que também poderia ser um serviço); ela se refere às chances de um produto ou processos, relacionados com projeto, produção, venda, entrega, instalação ou funcionamento do produto, não atender às especificações, ou de a organização não satisfazer o cliente. Se um representante de venda não retorna a ligação de um cliente rápido o suficiente, isso representa um defeito em termos de Seis Sigma. A série ISO 9000 emprega o termo "não-conformidade" para se referir à maioria dos defeitos visados pelo Seis Sigma com a finalidade de evitar a inferência de que um produto possa prejudicar o usuário. Os DPMOs, por sua vez, constituem-se oportunidades perdidas de satisfazer o cliente, proporcionando à concorrência a oportunidade de tomar negócios e clientes de sua organização. O que diferencia o Seis Sigma de outras abordagens de gestão da qualidade é que ele envolve a medição da qualidade organizacional de tal forma que possibilita a comparação dos mais simples e complexos produtos e processos. O DPMO mede as oportunidades cumulativas dos processos da organização, e não aquelas particulares de um produto específico, permitindo, assim, que processos relacionados com projeto, produção e venda de um simples prego, em que as chances de defeito por prego são pequenas, sejam comparados com uma turbina de avião, em que a complexidade do produto e o grande número de partes e processos envolvidos tornam as chances de defeito por turbina enormes. Medindo em DPMO, a organização pode comparar processos e produtos díspares e definir exatamente onde se encontram as maiores oportunidades para melhorias. Estima-se que a maioria das organizações opera na faixa de 3,0-4,0 sigma (66.897-6.210 DPMOs), o que significa que a obtenção de 6,0 sigma (considerado 3,4 DPMOs, embora esse número esteja sujeito a alteração) representa uma incrível diminuição de não-conformidades e um incrível aumento de produtividade, eficiência e satisfação do cliente. Tenha sempre em mente que o tempo que se leva para ir de 3,5 para 4,0 sigma não é o mesmo que se leva para ir de 5,5 a 6,0 sigma, visto que, no primeiro caso, serão apreendidas as maiores oportunidades para melhoria, enquanto, no segundo caso, embora haja mais trabalho do que no primeiro, serão produzidas melhorias menores. A maioria das organizações tem uma falsa idéia do seu custo de qualidade. Muitos relatórios têm indicado que a alta direção de várias organizações acredita que as não-conformidades de seus produtos e processos, e o retrabalho e a sucata necessários para corrigir as não-conformidades são responsáveis por 3-4% dos custos operacionais. Contudo, vários peritos estimam que, em muitas organizações, as não-conformidades são responsáveis por 15-30% do custo do produto. O Seis Sigma envolve a aplicação de ferramentas estatísticas (ex.: Análise do Modo e Efeito da Falha [FMEA]), metodologias de solução de problemas e benchmarking, a fim de identificar os produtos e/ou processos afetados por muitos defeitos, determinar o que está causando os problemas e, então, corrigi-los. Antes de ser aprovado, o projeto de Seis Sigma deve ser justificado à direção em termos financeiros. Muitas não-conformidades dentro da organização são, por elas mesmas, óbvias, mas não resultam em custos significativos para a organização ou na insatisfação do cliente, que levam à perda de negócios. Cada projeto a ser realizado por Black Belts deve, num sentido bastante real, produzir economias suficientes para que seja visto como "fazedor de dinheiro", melhorando o resultado financeiro da organização e cobrindo as despesas de treinamento de Seis Sigma, software e salários (os Black Belts trabalham nos projetos de Seis Sigma por tempo integral).
Texto traduzido por Marily Tavares Sales, do QSP. |