ISO 14000 MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS Guglielmo Taralli INTRODUÇÃO A eliminação de barreiras comerciais, e o aparecimento de mercados cada vez mais globalizados, fará com que as organizações industriais tenham de assumir uma maior responsabilidade, em termos sociais, econômicos e ambientais, para seu desenvolvimento e sobrevivência. Diante disso, tais organizações estão começando a entender que não somente empregados, acionistas e clientes sustentam seu negócio, mas que, também, fornecedores, vizinhos, comunidades e outros começam a fazer parte. A comunicação apropriada com esses novos "parceiros" deve ser melhorada, auxiliando a refinar continuamente as visões, estratégias e ações das empresas. Essa mudança é um reflexo do interesse público sobre o impacto causado por atividades industriais sobre o meio ambiente e que teve um sensível aumento, principalmente, após os anos sessenta. Nas últimas décadas, essas pressões se acentuaram devido a uma série de "acidentes maiores" como : Bhopal, Chernobyl, Exxon-Valdez e, mais recentemente, o caso da desativação da plataforma SHELL no Mar do Norte. Iniciativas internacionais por parte de grupos ou organismos orientados politicamente passaram a exigir, também, que as empresas assumam a responsabilidade pelos efeitos ambientais causados pelas suas atividades, produtos e serviços. A preservação e a conservação ambientais se tornaram pré-requisito das organizações, e essa necessidade vem motivando o que muitos chamam de nova revolução industrial, por provocar a redifinição de atitudes, produtos, processos, práticas produtivas e gerenciais. Nos últimos anos, algumas empresas do setor químico, por exemplo, vêm dedicando mais esforços em gerenciar seu meio ambiente do que controlar suas descargas, de modo a evitar a geração de emissões líquidas e gasosas e a formação de resíduos. Fatores relacionados com a diminuição de custos e novas legislações mais restritivas continuam a direcionar - e mesmo a acelerar - esse objetivo. Várias razões podem ser citadas do porquê algumas organizações estão começando a implementar Sistemas de Gestão Ambiental. Entre elas tem-se :
Um Novo Modelo de Gestão de Rejeitos Sistemas de controle de poluição do tipo "fim de tubo", quando adicionados às plantas industriais, têm um efeito sobre o meio ambiente imediato. Entretanto, essas soluções vêm apresentando custos cada vez mais altos, tanto para a indústria quanto para a sociedade, e nem sempre têm demonstrado serem a melhor solução do ponto de vista ambiental. Além disso, soluções do tipo "fim de tubo" representam um modelo reativo e seletivo. Tais sistemas de controle de poluição ainda vêm sendo usados no tratamento de despejos gerados por processos industriais apresentando, entretanto, uma grande quantidade de problemas : geração massiva de resíduos, riscos para a saúde e meio ambiente, altos custos de operação etc. Atualmente, já se estabeleceu e compreendeu que é mais seguro e menos custoso prevenir do que controlar a contaminação. O correto gerenciamento , por exemplo, dos rejeitos perigosos se constitui num dos mais sérios problemas de nossa sociedade. Estão sob risco a saúde pública, a qualidade ambiental e nossos padrões de vida. Desse modo, o novo modelo que se propõe para a indústria deve estar direcionado para a prevenção da poluição, também conhecida como redução ou minimização de rejeitos. Resumidamente, prevenção da poluição significa evitar a geração de poluentes, em vez de controlá-los no "fim de tubo", numa chaminé ou numa lata de lixo. Embora o conceito de prevenção da poluição seja geralmente entendido, uma definição precisa do que é ou não é prevenção é ainda um tema bastante controvertido. Sem levar em consideração esse debate, contudo, as ferramentas necessárias para a prevenção são essencialmente as mesmas. Os rejeitos devem ser identificados e as suas vazões quantificadas. Como, termodinamicamente, é impossível eliminar completamente todos os rejeitos, é essencial que se priorizem os poluentes e se estabeleçam os objetivos que se pretendem alcançar. Uma vez estabelecidos tais objetivos, as ferramentas necessárias para a prevenção são as da Engenharia de Processos: levantamento de balanços de massa e de energia; melhor conhecimento de cinética de reações, processos de separação; otimização do projeto de equipamentos e de produtos. TÉCNICAS DE MINIMIZAÇÃO DE DESPEJOS O desenvolvimento de melhorias de processo , tais como : otimização de sistemas ou novos tipos de equipamentos e mudanças no processo visando reduzir emissões, historicamente, vem sendo realizado pela áreas de Engenharia de Processos. As práticas de minimização de despejos podem geralmente ser divididas em três categorias : a. eliminação da maior quantidade possível de despejos na fonte de geração ; De qualquer maneira, é possível se obter um progresso mais rápido através do uso de uma metodologia sistemática de abordagem do problema. Essas metodologias baseiam-se na realização de um procedimento de decisão hierárquica, que procura levantar uma matriz de opções de identificação de melhorias de processo e avaliação de oportunidades de integração de economias de energia. Para se iniciar o trabalho, além de ser necessário se constituir um grupo experiente e competente, deve-se prever a realização de balanços de massa e de energia e um levantamento dos despejos gerados pelo processo em estudo. Geralmente, não é fácil se obter dados precisos relativos às quantidades de produtos liberados; a metodologia, entretanto, só pode ser aplicada quando tais dados forem o mais aproximado possível da realidade, o que significa a necessidade de levantamentos no campo. A implementação de um programa de minimização de despejos geralmente segue uma seqüência do tipo : redução na fonte, reciclo e tratamento. A seguir, são listadas as etapas utilizadas num gerenciamento hierárquico integrado e as definições geralmente aceitas dessas etapas. Redução na fonte Trata-se da redução ou eliminação da geração de despejos na fonte, dentro de um dado processo. Medidas de redução podem incluir : sistemas de tratamento locais, modificações de processo, substituição de matérias-primas ou melhorias na sua pureza, ações de controle, manutenção e inspeção periódica e práticas de gerenciamento ambiental. A redução na fonte, portanto, implica em qualquer ação que reduza a quantidade de despejos gerados por um dado processo. Reciclagem Refere-se ao uso ou reuso de um despejo como substituto efetivo de um produto comercial, ou como ingrediente ou matéria-prima num processo industrial. Trata-se, também, da possibilidade de utilização de frações de componentes úteis presentes num dado despejo, ou a remoção de contaminantes que permitam seu reuso. Portanto, reciclagem significa uso, reuso ou recuperação de um despejo, tanto interna quanto externamente à planta que o gerou. Tratamento São métodos, técnicas ou processos concebidos para mudar física, química ou biologicamente características de um despejo/resíduo perigoso, de maneira a torná-lo não perigoso ou menos perigoso. Implica em ações que tornam despejos/resíduos mais seguros para transporte, disposição ou armazenamento. Disposição Refere-se a aterros, depósitos, injeção, uso de lagoas ou de qualquer sistema que permita a disposição " segura " de despejos no solo ou na água. Tecnologias Mais Limpas ou Minimização de Rejeitos ? Tecnologias ou produções mais limpas implicam na aplicação contínua de uma estratégia integral de proteção ambiental para processos e produtos, de modo a reduzir os riscos para os seres humanos e o meio ambiente, ou, em outras palavras, significa produzir produtos sem criar impactos ambientais detectáveis. Minimização de rejeitos é produzir os mesmos produtos de matérias-primas similares, ajustando-se o processo para reduzir a produção de rejeitos a um mínimo prático. Em termos de processos industriais, tecnologias mais limpas englobam ações que prevêem a conservação de energia e matérias-primas, a eliminação de produtos tóxicos ( como constituintes das matérias-primas e produtos ), e a redução da quantidade de resíduos e poluentes criados por processos e produtos, diminuindo-se, como conseqüência , as quantidades de emissões para o ar, solo e água. Para os produtos, tecnologias mais limpas significam reduzir o impacto ao longo de todo o seu ciclo de vida, desde a extração da matéria-prima virgem até sua disposição final. Minimização de rejeitos é estudar o processo de fabricação, através da eliminação de problemas óbvios, que podem criar impactos ambientais, e pelo uso da criatividade em buscar soluções de melhoria nas principais correntes de emissão e resíduos. CONCLUSÕES A visão global que atualmente se procura dar aos programas de Qualidade, Segurança e Meio Ambiente requer um domínio de técnicas e metodologias de: identificação e avaliação de riscos ambientais; otimização de processos; levantamento de consumos energéticos; e de aumento de produtividade. Porém, não se pode gerenciar o que não se pode medir. Não se pode medir o que não se consegue definir. E não se pode definir sem entender. A estratégia básica é, portanto, desenvolver esses conceitos e assumir o seu gerenciamento com real e perfeita Excelência. Isso, entretanto, só pode ser alcançado através da aplicação do conhecimento - "know-how" e "know-why", e pela busca contínua da melhoria da tecnologia e/ou pela mudança de atitudes administrativas e gerenciais.
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