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Responsabilidade Social DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
Nos últimos anos, o enfoque do debate sobre sustentabilidade mudou de questões ambientais para questões sociais e de desenvolvimento. O debate que se concentrava restritamente nos impactos da produção industrial, como poluição do ar e da água, agora ampliou sua pauta para incluir itens como questões trabalhistas e minimização da pobreza. Para acompanhar o passo dessa mudança, a ISO vem expandindo suas normas para abranger além de produtos - primeiramente, criou as normas sobre processos apresentadas nas séries ISO 9000 e ISO 14000 e, agora, está começando a criar normas para gerenciar a responsabilidade social corporativa (RSC). Durante esse mesmo período, o mundo corporativo mudou sua ênfase gerencial de uma abordagem tática para uma abordagem estratégica. A antiga abordagem na qual diferentes questões eram abordadas por departamentos separados com orçamentos separados deu lugar a uma abordagem holística de sustentabilidade, que implica em um exame minucioso realizado pela direção e um planejamento integrado para toda a esfera corporativa. Cada vez mais, a alta direção e os conselhos de administração estão reconhecendo as normas da ISO como uma base sólida para um melhor desempenho, uma maior eficiência e uma imagem mais competitiva. Líderes de empresas estão monitorando com interesse a nova atenção dada pela ISO à RSC - ou "responsabilidade social", como a ISO a chama. Cada vez mais, as empresas que integraram a RSC a suas operações poderão provar que esse tipo de abordagem ajuda a atrair clientes, capital e parceiros comerciais, além de aumentar a satisfação de seus funcionários com relação ao trabalho, e a aprovação de seus vizinhos e outras partes interessadas. Os benefícios financeiros da RSC, embora ainda seja difícil identificá-los com precisão, podem ser substanciais. Num estudo recente, 300 grandes empresas que eram publicamente comprometidas com a RSC foram consideradas duas a três vezes mais bem-sucedidas do que as empresas que não tinham esse comprometimento, como pode ser comprovado pelas suas vendas e receitas. Numa época em que os consumidores estão adquirindo uma conscientização ambiental e social, o inverso também pode ser verdade: uma empresa cuja imagem esteja maculada por um mau desempenho ambiental ou social poderá testemunhar a queda dos preços de suas ações. Por todas essas razões, o fato de a ISO estar começando a explorar o que significa a responsabilidade social, e como gerenciá-la melhor por meio de um documento de diretrizes, é um avanço bem-vindo e compatível com o andamento dos interesses da indústria. Importante Papel Com relação ao amplo debate sobre desenvolvimento sustentável, as normas da ISO estão desempenhando um importante papel, no sentido de ajudar as empresas a lidar com uma economia turbulenta e globalizada, na qual o aumento de participação na capitalização do mercado não se baseia mais em ativos fixos, mas em ativos não-tangíveis, como reputação, marca e capacidade de agir e reagir aos interesses das partes interessadas. Para sermos mais específicos, as empresas possuem três objetivos que as normas da ISO podem ajudá-las a alcançar:
Nesse caso, as empresas consideram as normas da ISO úteis não apenas para gerenciar a qualidade (ISO 9000) e o desempenho ambiental (ISO 14000), mas também sua reputação, no caso do desempenho ambiental, pois a forma como uma empresa gerencia seus impactos ambientais contribui grandemente para a sua imagem no geral. Trajetória Quando se trata da trajetória das atuais tendências, o que podemos fazer é apenas especular; porém, dois avanços que já estão tomando forma têm bastante probabilidade de ganhar ainda mais ímpeto nos próximos anos. Além disso, ambos abrem caminho para áreas que são propícias a possíveis diretrizes ou normas de diferentes tipos. Primeiramente, a crescente demanda de transparência corporativa pode ter importantes implicações para a ISO, conforme sugerem várias medidas recentes. Apenas alguns meses atrás, o governo britânico lançou a EITI (Extractive Industries Transparency Initiative - Iniciativa de Transparência para as Indústrias Extrativas) - um esforço para tornar os pagamentos feitos por empresas petrolíferas e mineradoras mais transparentes. Numa outra frente, dez líderes do setor bancário adotaram os "Princípios do Equador" (www.equator-principles.com) - conjunto de diretrizes voluntárias para gerenciar questões sociais e ambientais nos projetos de desenvolvimento financiados por eles. Os Princípios do Equador se baseiam nas políticas de segurança da IFC (International Finance Corporation - Corporação Financeira Internacional), exigindo um grau inédito de divulgação de informações internas. Essas iniciativas levantam questões sobre a possibilidade de a próxima geração de normas incluir padrões sobre divulgação, responsabilidade e transparência. Em segundo lugar, temos a questão referente a quais organizações devem divulgar publicamente informações sobre suas operações. Há muito tempo, o enfoque tem sido nas empresas, mas por que deveriam os governos e as organizações internacionais - digamos, a ONU, o FMI ou a Organização Mundial da Saúde - receber passe livre? Não deveriam os órgãos públicos ser obrigados a cumprir um grau semelhante - ou até mesmo maior - de transparência, enquanto corporações? Sem dúvida nenhuma, conforme a parceria de empresas com organizações intergovernamentais for evoluindo e amadurecendo, serão necessários exames mais minuciosos de ambos os lados. Uma resposta afirmativa à pergunta acima dá lugar a uma série de outras perguntas. Por exemplo: Que tipos de prática a Organização Mundial da Saúde ou a Alta Comissão de Refugiados da ONU seguem em termos de RSC? Como realizar um monitoramento da cadeia de fornecimento que se aplique a entidades públicas que consumam grandes quantidades de mercadorias e serviços? Que tipos de política essas organizações (sustentadas por impostos e/ou donativos) seguem quando se trata de importantes questões como negociação coletiva, salário igual para trabalho igual ou liberdade de expressão? Deveria haver uma norma da ISO para os interesses ou para as organizações da ONU? E quanto a uma norma de gestão da qualidade para a ONU? Felizmente, esses tipos de questão já começaram a aparecer na pauta de alguns órgãos internacionais. No Banco Mundial (www.worldbank.org), por exemplo, a IFC (International Finance Corporation - Corporação Financeira Internacional) começou a elaborar relatórios de sustentabilidade. Em breve, o IBRD (International Bank for Reconstruction and Development - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) e a IDA (International Development Association - Associação Internacional de Desenvolvimento) seguirão seu exemplo. Sinal Positivo Alguns grupos da indústria já estão usando as políticas de segurança e divulgação do Banco Mundial como modelos, conforme visto na adoção dos Princípios do Equador. Como parte de sua iniciativa de RSC, o Banco Mundial irá estudar a possibilidade de buscar a certificação ISO 14001. Qualquer que seja o resultado, o fato de se ter aderido ao debate já é um sinal positivo. O Banco Asiático de Desenvolvimento (www.adb.org) se encontra à frente da curva da onda, pois acabou de obter a certificação ISO 14001.
Só podemos esperar que os cidadãos interessados de todo o mundo, que estão
ansiosos para colocar as corporações na parede no que se refere à melhoria do
desempenho ambiental e social, enxerguem que os órgãos internacionais também
precisam ser alertados para essas melhorias. Se isso acontecer, a necessidade de
documentos de referência internacionais da ISO, que tratem das implicações da
responsabilidade social, se tornará crucial. Texto traduzido por Marily Tavares Sales, do QSP.
Leia também: Sistema Integrado QSP de Responsabilidade Social
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