Outubro/2002
ISO 9001:2000
A Segunda Geração do Seis Sigma na
Motorola
Matt Barney Motorola
Inc.
Seis Sigma evolui para um sistema de alto
desempenho de 4 etapas
A Motorola inventou o Seis Sigma, sobre o qual temos aprendido muito
nos últimos 15 anos. Durante esse tempo, o Seis Sigma evoluiu de suas
raízes, como medida de qualidade, para uma metodologia de melhoria geral.
Origem Em 1986, Bill Smith, engenheiro sênior e
cientista da Divisão de Comunicações da Motorola, introduziu o conceito de
Seis Sigma como resposta às crescentes reclamações sobre pedidos de
garantia provenientes do setor de vendas. Esse foi um método para
padronizar a forma de se contar defeitos, sendo o Seis Sigma um nível
próximo da perfeição. Smith elaborou as estatísticas e fórmulas
originais que foram o início da metodologia Seis Sigma da Motorola. Ele
levou suas idéias ao CEO Bob Galvin, que ficou impressionado com sua
paixão e reconheceu o método como sendo essencial para se abordar as
questões referentes à qualidade. O Seis Sigma se tornou ponto central para
a estratégia de entrega de produtos adequados ao uso dos
clientes. Seguindo uma metodologia comum (medir, analisar, melhorar e
controlar), a Motorola iniciou sua jornada de documentação dos
processos-chaves, alinhamento dos processos com os requisitos cruciais dos
clientes e instalação de sistemas de medição e análise para melhorar
continuamente o processo. Como resultado, em 1988, a Motorola se tornou
a primeira empresa a ganhar o Prêmio Nacional da Qualidade Malcolm
Baldrige. Em 1990, a Motorola - juntamente com empresas como IBM, Texas
Instruments e Xerox - criou o conceito de black belts (BBs), que seriam
especialistas na aplicação de métodos estatísticos. Mais tarde, a
AlliedSignal (agora Honeywell International Inc.) e a General Electric Co.
aplicaram com sucesso e popularizaram a metodologia Seis Sigma da Motorola
como parte do desenvolvimento da liderança.
Da Qualidade à Melhoria da Empresa Embora tenha
sido criado originalmente para ser uma técnica de melhoria contínua da
qualidade, o Seis Sigma é hoje bastante diferente do método de gestão da
qualidade total (GQT) dos anos 80. A Tabela 1 mostra as principais
diferenças entre o Seis Sigma e a GQT.
Tabela 1. Contraste entre o Seis Sigma e a Gestão da Qualidade
Total
Seis Sigma |
Gestão da Qualidade
Total |
Liderança executiva |
Equipes de trabalho
auto-gerenciadas |
Sistema de execução da estratégia de
negócios |
Iniciativa da área de
qualidade |
Verdadeiramente
interfuncional |
No geral, pertinente a uma única
função |
Treinamento focado, com retorno sobre
investimento constatável |
Sem treinamento em massa nas áreas de
estatística e qualidade Retorno sobre investimento |
Resultados orientados |
Qualidade
orientada |
A partir de sua ampla experiência, a Motorola aprendeu que o Seis Sigma
vai muito além da contagem de defeitos em um processo ou produto. A
próxima geração Seis Sigma consiste em um sistema geral de alto desempenho
que executa a estratégia de negócios. A experiência nos leva a perceber
que o Seis Sigma exige os quatro passos a seguir:
1. Alinhar os executivos com os objetivos e metas corretos. 2.
Mobilizar equipes de melhoria. 3. Acelerar resultados. 4. Guiar a
melhoria sustentada.
Etapa 1 - Alinhar O novo Seis Sigma começa com os
executivos seniores criando um balanced scorecard de métricas,
iniciativas e objetivos estratégicos, a fim de identificar os pontos de
melhoria que produzirão o efeito máximo sobre o resultado financeiro da
organização (ver Figura 1).
Figura 1. Processo de Desenvolvimento do Scorecard
As métricas críticas do scorecard orientam metas elásticas para os
vários processos da empresa, liderados e supervisionados por executivos
seniores. Os donos de processo defendem a criação de projetos de melhoria
de alto impacto, a fim de atingir as metas estratégicas. Na segunda
geração Seis Sigma da Motorola, os processos não se limitam ao domínio de
produtos e serviços. Eles podem abranger melhorias na participação de
mercado, melhor fluxo de dinheiro e melhores processos de recursos
humanos. Os executivos selecionam e supervisionam um punhado de projetos
de melhoria, liberando restrições de processos que causam lacunas críticas
nos negócios.
Etapa 2 - Mobilizar Equipes de projeto focadas no
cliente são formadas e autorizadas para executar ações (ver Figura 2).
Figura 2. Mobilização para o Seis Sigma
Reformular as metas de melhoria
transformando-as em trabalhos de equipe focados no cliente.
|
|
|
Organizar os trabalhos de equipe
transformando-os em projetos focados com:
Planos claros.
Critérios de sucesso.
Análises críticas rigorosas. |
Fornecer treinamento para as
equipes, para causar impacto sobre os resultados
desejados. |
| |
Os donos de processo executivos autorizam BBs a liderar projetos de
melhoria bem-definidos. As equipes de melhoria Seis Sigma usam:
- Um método sistemático de solução de problemas para estruturar a
seqüência de tarefas dos projetos.
- Técnicas analíticas para orientar a tomada de decisões baseada em
fatos.
- Intervenções para sustentar o impacto nos negócios.
A estrutura passo a passo para a solução de problemas e a estrutura
para a divisão de tarefas podem ainda ser facilmente lembradas usando-se a
sigla DMAIC:
- Primeiro, o problema é Definido para se determinar o
que precisa ser melhorado.
- Em seguida, a equipe Mede o estado atual em
comparação com o estado desejado.
- A equipe Analisa as causas-raízes da lacuna.
- Em seguida, a equipe debate, seleciona e implementa as melhores
soluções de Melhoria (em inglês, Improvement).
- Por último, a equipe Controla a sustentabilidade a
longo prazo das melhorias, estabelecendo mecanismos de monitoramento,
responsabilidades e ferramentas de trabalho.
No formato tradicional do Seis Sigma, o alvo da medição era o número de
defeitos por milhão de oportunidades (DPMO), usado para se calcular a
métrica Seis Sigma. Hoje, embora ainda possamos usar os cálculos de
DPMO e Seis Sigma, em algumas situações eles não são desejáveis,
especialmente em processos humanos intensivos, tais como marketing e
recursos humanos. No caso de recursos humanos, a definição para
defeito, tal como desempenho de funcionário que cai abaixo de um certo
nível, pode ser controverso, podendo também ser manipulado para se
conseguir um valor sigma melhor. Com a segunda geração Seis Sigma,
focalizar defeitos e níveis sigma é menos importante para qualquer medida.
A ênfase está no uso de dados variáveis (contínuos), sempre que possível,
e não no uso de dados por atributos. Dados contínuos fornecem mais
informações sobre o processo para um dado tamanho de amostra, e o uso de
métricas contínuas de desempenho, tais como índices de capacidade (ou
capabilidade), proporciona um caminho mais rápido e menos custoso para se
obter os níveis Seis Sigma de qualidade. Esse conceito é particularmente
importante para processos de serviço e processos transacionais, nos quais
tem se coletado dados por atributos em forma de contagens ou
porcentagens. Por exemplo, as métricas, tais como o número de faturas
atrasadas num processo de faturamento ou a porcentagem de clientes
insatisfeitos num processo de aprovação de crédito, podem ser substituídas
por métricas contínuas, tais como tempo para entrega de fatura ou tempo
para resposta a aprovações de crédito. Muitas vezes, os requisitos de
clientes gerarão limites de especificação que podem ser usados para
computar índices de capacidade em vez de números de DPMO e Seis Sigma.
Etapa 3 - Acelerar As equipes de melhoria Seis
Sigma usam uma estrutura baseada em aprendizado para formar suas
capacidades e executar o projeto (ver Figura 3). Os executivos selecionam
BBs e Green Belts (GBs) apropriados, com base em habilidades funcionais, e
fornecem os recursos adequados.
Figura 3. Aceleração do Seis Sigma
Nossa metodologia baseada em aprendizado combina uma educação
estruturada com treinamento e desenvolvimento de projeto em tempo real.
Esse método transpõe rapidamente os candidatos do aprendizado à execução.
Os candidatos a BB e GB levam para o treinamento um projeto de melhoria
pré-determinado. Durante todo o treinamento e o trabalho com o projeto,
eles aprendem a solucionar problemas, gerir projetos, otimizar processos e
usar habilidades estatísticas enquanto aplicam essas técnicas ao problema
em questão. Fora da classe, os candidatos e as equipes de projeto
recebem suporte especializado de instrutores no momento certo. As análises
críticas contínuas com os champions de projeto também garantem
que os projetos progridam de acordo com os prazos e marcos. A Motorola
reconhece que uma mudança é melhor conquistada numa corrida curta do que
numa maratona; portanto, a administração do tempo é essencial para se
orientar projetos na direção dos resultados desejados, a fim de fazer
alguma diferença. Por fim, um enfoque de gestão de campanha ajuda a
integrar os vários esforços da equipe de projeto, de forma que o impacto
cumulativo sobre a organização seja, de fato, acelerado.
Etapa 4 - Guiar Por fim, a metodologia Seis Sigma
de segunda geração da Motorola inclui um processo de liderança (ver Figura
4).
Figura 4. Processo de Liderança
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Patrocínio visível |
Análise crítica rigorosa de
projetos |
|
Partilha contínua de conhecimento
e comunicação pró-ativa |
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Os líderes patrocinam ativa e visivelmente os principais projetos de
melhoria necessários para se implementar a estratégia. Eles analisam
rigorosamente os projetos no contexto das métricas de projeto e das metas
da empresa. Os donos de processo executivos atentam para o painel geral
da organização, para suas próprias métricas de processo e para a situação
dos projetos de melhoria, planejados para fazer melhorias e garantir que
todo o sistema empresarial esteja funcionando conforme desejado. A
etapa final de liderança consiste em partilhar as melhores práticas e o
conhecimento sobre melhorias com outras partes da organização que possam
ser beneficiadas.
O que Vem a Seguir Como será a próxima geração Seis
Sigma em seu local de origem? A Motorola é uma organização com uma
história de renovação e contínuo aprendizado. Essas qualidades têm sido
úteis para nós à medida que as aplicamos a nossos esforços de melhoria
Seis Sigma. Durante os últimos 15 anos, aprendemos bastante quanto
àquilo que funciona e àquilo que não funciona no Seis Sigma. Deixamos de
contar defeitos na fabricação de produtos e passamos a gerenciar a
variação e melhorar sistematicamente todos os processos. Mais importante
ainda, deixamos de usar o Seis Sigma como uma ferramenta para melhorar a
qualidade do produto e passamos a usá-lo como uma metodologia de melhoria
geral. O novo Seis Sigma combina o poder de uma boa aplicação de
estatísticas com os elementos críticos de uma estratégia de negócios
eficaz. Utiliza-se uma estrutura de melhoria geral para melhorar a
capacidade da organização, a fim de atingir seus objetivos
estratégicos. Neste ano e posteriormente, o Seis Sigma será a
ferramenta escolhida pela Motorola para orientar a melhoria do resultado
financeiro em toda a organização. Nesse contexto, os projetos Seis Sigma
são cuidadosamente planejados para garantir que sua seleção seja baseada
no impacto direto e de curto prazo sobre objetivos e métricas
importantes. Reconhecendo o poder do foco no cliente, da análise de
processos e da tomada de decisões baseada em fatos, esperamos que nossos
líderes adotem a metodologia Seis Sigma. Esforços especiais estão em
andamento para garantir que uma alta porcentagem de líderes da Motorola
sejam GBs qualificados e que a porcentagem de BBs qualificados e
candidatos a BBs suba significativamente. A maior parte dos nossos
esforços em Seis Sigma são - e continuarão sendo - focados no projeto de
produtos, que aumenta a experiência geral com o cliente, e na qualidade de
programas de computador, funcionando como o propulsor-chave da
confiabilidade e do desempenho a longo prazo. Além disso, a maior parte
dos nossos projetos focaliza a orientação de melhoria para todas as
atividades da empresa. As equipes de projeto que, cada vez mais, envolvem
clientes, fornecedores e outros parceiros-chaves constituem-se em norma, e
não em exceção. A metodologia de melhoria Seis Sigma, patrocinada por
Bob Galvin 15 anos atrás, continua crescendo vigorosamente, dando suporte
à visão da Motorola em relação a seus clientes e acionistas.
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